O. foi fazer um não-sei-quê no armário da cozinha e derrubou três xícaras de chá de um jogo com quatro.
– Pôxa! Desculpa! Quebrei duas xícaras.
– Não tem importância. O jogo agora é par.
– Mas já era par.
– Então não mudou nada.
Até ontem…
Ontem A. veio me visitar e lhe ofereci uma xícara de chá. Quando servi me deu a impressão de que a xícara gotejava. Conversa vai, conversa vem, quando percebemos A. já estava com a calça toda molhada. Quando O. derrubou as três xicrinhas de chá, duas romperam de imediato e uma ficou insegura: Romper-me ou não romper-me? Pensou a xicrinha. E da dúvida nasceu a greta. Pobre xicrinha! Deve ser mais duro viver com uma greta do que romper-se de uma vez. Porque quando você rompe é pá e bufi. Acabou. Quando ficam gretas você vê como vai escapando o que você leva dentro. Toda a essência contida, esvaindo-se. Então decidi que era hora de fazer algo pela xícara.
Agora, meu jogo de chá é impar.