Éramos quatro debruçados encima de uma pequena folha de papel: as instruções, escritas e ilustradas, de uma agulha para costurar o couro a mão. Enquanto uma lia, nos limitávamos a olhar os desenhos. L. contou como achava que funcionava a agulha e C. falou que ele estava errado. As instruções estavam em inglês e como L. não sabia inglês, deveria desistir de achar, pois não conseguiria entender. Mas logo eu me toquei que ainda que as instruções estivessem em inglês, eu via os desenhos em português, assim como estou certa que L., por sua vez, via em castelhano. Ainda que as pessoas insistam em “uma língua universal”, os olhos continuam olhando na sua própria língua.